sábado, 19 de julho de 2014

O PODER E A RUÍNA DA UNIÃO SOVIÉTICA


O AVIÃO DA MALÁSIA E O CZAR CONTEMPORÂNEO
Em 1999, A Rússia de Boris Yeltsen era um caos. Há mais de um ano o país não conseguia pagar sequer um tostão da sua dívida externa.A capacidade de importação de bens e alimentos havia caído brutalmente. Funcionários do governo não viam seu salário fazia meses. Os alimentos escasseavam, era visível o desalento da população. O exército saíra derrotado da guerra da Chechênia, um pequeníssimo país localizado ao sul do território russo. Em meio a tal processo de decomposição política, o combalido presidente Yeltsen tentava, inutilmente, sobreviver. A experiência histórica tem mostrado, no entanto, que, em momentos assim, de grande fragilidade coletiva, é que costumam aparecer os salvadores da pátria. Pois eis que na Rússia do final do século XXI surge, então, do nada, um homem rígido, acostumado ao comando, um homem cujo caráter foi lapidado no mundo subterrâneo da contrainformação e da espionagem, um homem cujo nome era até então totalmente desconhecido da opinião pública do país: o oficial da KGB Vladimir Putin. Putin havia desenvolvido sua carreira na polícia secreta russa nos tempos de transição e a KGB, em 1999, ainda era o mais poderoso organismo remanescente do estado soviético. Em meio ao caos, Putin torna-se a solução. Assume o governo e exerce o seu primeiro mandato presidencial de 2000 a 2004. De lá para cá, com uma bem urdida sequência de artimanhas e estratagemas, conseguiu garantir para si o poder por nada mais nada menos que 24 anos ininterruptos. Em 2024 Putin ainda será o presidente da Rússia. Por meios pouco transparentes, utilizando o peso de sua mão de ferro, Putin mudou a lei para tornar-se o verdadeiro czar contemporâneo da nova Rússia. Sua permanência no topo do comando do estado, quando o ano de 2024 chegar, terá sido maior do que a de muitos imperadores da velha Rússia. Recentemente, quando eclodiu a crise da Ucrânia, Putin, ao invés protagonizar um acordo pacífico e reintegrador, agiu na direção contrária: ocupou a região da Crimeia, estimulou o separatismo, enfraqueceu o movimento de Kiev, fortaleceu e armou os grupos rebeldes do leste e do sul e lhes garantiu todo o apoio logístico a partir da fronteira. Enfim, sustentou e ampliou as tensões que acabaram por levar o país a um estado de guerra civil. Ao ler nos jornais, de ontem para hoje, que os rebeldes armados da Ucrânia teriam derrubado um avião de passageiros da Malaysian Airlines com um míssil, pensei, é claro - em primeiro lugar - nas vidas que se perderam. Nas dezenas de cientistas e militantes da causa do combate à AIDS no mundo que faleceram no desastre. Essas pessoas farão uma falta imensa à humanidade. O planeta levará anos para formar quadros de especialistas desse nível e qualidade. Abre-se uma imensa lacuna na Organização Mundial da Saúde. Por fatídica coincidência, o avião da Malaysian cruzou o espaço aéreo de uma zona de guerra. Então pensei nesse homem que não moveu uma palha pela construção da paz, quando isso estava ao seu alcance. Pensei nesse homem que, ao contrário, não hesitou um só instante em estimular as tensões militares de fronteira, visando, de forma calculista, açambarcar mais terras e poder. Pensei nesse homem que, enfim, poderia ter evitado que essa região se tornasse uma região de disparos de mísseis - e não o fez. Falo desse homem que fez de si mesmo um czar russo contemporâneo: Vladimir Putin.

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